Infância
Sóbrio estou, ou pelo menos penso que estou, em meio as comodidades de uma vida que me foi fornecida desde cedo; brinquedos caros, melhores escolas, roupas de luxo; desde cedo me ensinaram que amigos são aqueles que têm algo a lhe oferecer além de um carinho; Me ensinaram que “desculpa” e “obrigado” são palavras que você deve ouvir, e nunca dizer; Me ensinaram a nunca olhar para alguém sujo nos olhos, nem que seja para mandar.
Maturidade
Cresci mais um pouco, e ainda continuo sóbrio, ou pelo menos continuo acreditando nisso, em meio às comodidades de uma vida em que nunca “me faltou nada”, carros de luxo, apartamentos caríssimos, melhores faculdades; Continuaram a ensinar que amigos, são aqueles em que os pais recomendam, e nunca os que passam momentos felizes contigo; Ensinaram ainda que palavras como “Amor” e “Amizade” não existem, o que existe e resumem essas duas palavras, chama-se interesse.
Velhice
Sóbrio estou, e pela primeira vez posso afirmar com certeza absoluta, que estou sóbrio; Me desliguei de tudo e de todos, daquela família que tanto me “ensinou” ou pelo menos achava isso, amigos nunca tive, e agora me encontro em um lugar onde tudo que tenho é um pedaço de jornal velho que me serve de cobertor, as estrelas do céu como teto, e um cachorro de rua que teve piedade de mim e tornou-se o único amigo que tive na vida;
(José Magalhães)
*Muitas pessoas acham que têm tudo em sua vida, contudo não têm nada; Arrogância, ignorância e egoísmo podem levar um homem ao mais fundo abismo de suas vidas.