Eterna Travessia


I

Na quinta-feira a vida dança,
Um passo à frente, quase lá,
A pressa é velha companheira,
Com sonhos que não cessam de girar.
O tempo passa, eu corro junto,
Entre o ser e o querer, a me encontrar.

II

Meus dias são pontes sobre o ontem,
Sobre memórias de vinte, trinta,
Anos que se enlaçam, se sobrepõem,
Promessas que eu ainda sinto.
Carrego no peito mapas antigos,
Mas busco sempre novos horizontes.

III

Na juventude do coração, sou leve,
Mas as costas lembram o peso do agora.
Entre discos e nostalgias que me elevam,
Vejo o futuro e a saudade que mora.
Sigo tentando, sempre em frente,
Entre o ontem que foi e o amanhã que implora.

IV

O tempo se estica e se encolhe,
Como corda de um relógio sem fim.
Nessa dança, eu me perco e me encontro,
No balanço entre o começo e o fim.
Anseio por mais, sempre além,
Mas o presente me chama, me retém.

V

Na alma, carrego sonhos de adolescente,
Mas o corpo sente a carga do tempo.
A dualidade me abraça suavemente,
Entre ser nova e velha, eu tento.
Encontro-me na música de cada era,
Entre passado e futuro, eu invento.

VI

Agora, quase meia-noite, o dia se rende,
A sexta se aproxima, trazendo o novo.
Ainda falta tanto, um mar de intenções,
Que se perde na vastidão do pouco.
Mas no compasso entre os minutos e os sonhos,
Vou navegando, sem temer, sem jogo.

José Magalhães

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