Elegia às Águas Silenciosas




Nas margens do silêncio, teu riso ecoa,
Lembrança fugaz que a correnteza arrebatou;
Águas turvas que a lua desenha,
A cada noite, meu coração afunda e flutua.

O rio, um pintor com pinceladas de espuma,
Tingiu de escuro o quadro da tua ausência;
E nas suas profundezas, um segredo,
Uma história que o tempo não desvenda.

Sob a sombra de velhas árvores sussurrantes,
Vasculho a paisagem, buscando teu reflexo;
Mas só encontro o murmúrio triste das águas,
Narrando lendas de um espírito perdido.

Teu sorriso, agora um espectro na névoa,
Dança entre os juncos e as pedras molhadas;
O rio te tomou para si, um amante ciumento,
Deixando para trás apenas rastros de lágrimas.

Na quietude do crepúsculo, as estrelas choram,
Pingos de luz em um lago de prata antiga;
Eu, na ribanceira, entre folhas caídas,
Sopro nomes no vento, tentando te alcançar.

Mas o rio segue, indiferente e sereno,
Por entre os dedos, o tempo escorre frio;
E eu fico aqui, tecendo versos ao vento,
Um poema para um amigo que o rio levou.
José Magalhães

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem